Page 16 - O Elo - Janeiro 2023
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Artigo
PCD tem mais dificuldade para
ser promovido no trabalho
Profissionais com deficiência enfrentam desafios para
conquistar ascensão profissional, aponta estudo
Mais de 30 anos depois da cria- para trabalhar com atendimento tele- cas, diz Martinez, é o gestor que não
ção da lei de cotas para pessoas com fônico. Depois de recusar, foi convidada aponta os erros nem dá feedback
deficiência (PCDs) no país - que vale para a área de inteligência de mercado. negativo, seja para proteger o fun-
para empresas com 100 funcionários “As pessoas querem te incluir, mas cionário ou por não acreditar em sua
ou mais -, esses profissionais revelam desde que você faça o papel de ‘café capacidade. “Situações como essa
dificuldade de ascensão profissional e com leite’. Isso é muito ruim porque impedem o desenvolvimento.” refor-
atuação nas suas áreas de formação. acaba difi cultando a evolução pro- ça a advogada.
Um estudo liderado pela consultoria fi ssional”, afi rma ela, que liderou uma Coordenadora da pesquisa da Noz
Noz Inteligência e mostra que 60% batalha judicial para ter direito a andar Inteligência, a economista Juliana Va-
das pessoas com deficiência disseram com seu cão-guia no metrô de São nin diz que os dados mostram que a
que nunca foram promovidas. Os índi- Paulo, origem das leis que garantem difi culdade de reconhecimento pro-
ces são elevados mesmo entre quem hoje o acesso de cães-guia em espaços fi ssional das pessoas com defi ciência
tem ensino superior completo (53%) e públicos e privados. vai além de limitações de qualificação
está há mais de dez anos na mesma Uma das situações problemáti- ou de tempo hábil para essa evolução.
empresa (45%).
Entre os entrevistados, 30% não
atuam na área de formação por falta
de oportunidades e 20% atuam na
área, mas em cargos inferiores.
É a realidade mesmo para pessoas
com grau de deficiência leve (18%),
com ensino superior completo (24%)
ou que estão há mais de dez anos na
mesma empresa (21%).
A pesquisa “Pessoas com Deficiên-
cia e Empregabilidade” também revela
a incidência de dois comportamentos
em relação a pessoas com deficiên-
cia: preconceito e superproteção, que
acabam dificultando a possibilidade
de desenvolvimento profissional. Sete
a cada dez pessoas disseram que so-
frem ou já sofreram preconceito. No
caso da superproteção - quando há
subestimação das capacidades e in-
dependência -, seis a cada dez profis-
sionais revelam viver ou já ter vivido
esta situação.
Advogada, hoje funcionária do Tri-
bunal Regional do Trabalho da 2ª Re-
gião (SP), e cega desde os quatro anos,
Thays Martinez lembra de um processo
de seleção que participou em um ban-
co. Na época, já formada pela Universi-
dade de São Paulo (USP), foi chamada Fonte: Pessoas com Deficiência e Empregabilidade/Noz Inteligência
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