Page 6 - O Elo - Novembro 2022
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Outro Prisma




             As lições que o futebol deixou na vida


                             de Carlos Augusto Nobre





                 Conheça o outro lado do auditor-fiscal que trocou a carreira de jogador
                          pela engenharia química e hoje vive nos Estados Unidos



                                                                                Fotos: Arquivo Pessoal
           Que menino no Brasil nunca - uma  dimir, Zé Maria, Amaral, Palhinha, Ro-
        noite que seja – sonhou em ser joga-  meu, ente outros. “Metade do time do
        dor de futebol?  Poucos, com certeza.  Corinthians era da Seleção Brasileira”,
           O AFT Carlos Augusto Nobre está  recorda-se Nobre.
        entre os poucos privilegiados que      O ex-jogador também não esque-
        concretizaram este sonho. De time de  ce  a  emoção  quando  viu  seu  nome
        várzea em Piraju, sua terra natal, até  na lista de concentração para o jogo
        chegar  à equipe  principal  do  Corin-  contra o Flamengo, no Maracanã, que
        thians, a trajetória de Nobre foi bem-  na época tinha Andrade, Adílio e Zico
        -sucedida. Foi quando teve um cho-  no meio de campo e Júnior como
        que de realidade, percebeu que não  lateral esquerdo.  “Meu coração foi a
        era um craque, e decidiu tomar outro  200  por  hora.    Imagina  um  menino
        rumo na vida. Formou-se em Enge-    que tinha acabado de sair do Juvenil
        nharia Química, montou uma empre-   no meio daqueles jogadores que eu
        sa na área, passou no concurso para  só via pela televisão. Eu pensava, meu
        Auditor-Fiscal do  Trabalho, aposen-  Deus não acredito que estou aqui
        tou-se, e foi morar nos Estados Unidos,  no Maracanã, que coisa mais linda!”
        com a certeza de que fez o melhor.  Emoção maior ele sentiu quando, no
           Carlos Nobre começou a jogar no  segundo tempo, o treinador falou “No-
        Dente de Leite do Corinthians em  bre, entra!”.   O coração novamente foi
        1971 e passou por todas as categorias  a 200 por hora, mas passados cinco
        do “timão”; “era fruto da casa”, com ele  minutos, Nobre garante que corpo e   Carlos Nobre como meio de campo do
        diz. No Infantil, a final contra o Ipiran-  mente retomaram o equilíbrio e ele   Corinthians
        ga, foi memorável. A partida terminou  voltou a se concentrar no jogo. “E aí,
        1 x 1 e foi para a cobrança de pênaltis.  você não sabe se está jogando em Pi-
           Na época, os pênaltis eram cobra-  raju, num campo de várzea, ou se está
        dos cinco vezes seguidas, por um úni-  no maior estádio de futebol do Brasil”.
        co jogador.  Nobre acertou os cinco pê-  Outro momento marcante para
        naltis e o Ipiranga perdeu o primeiro,  Nobre foi quando fez o segundo
        consagrando o Corinthians campeão.  gol num jogo no Pacaembu, Cam-
        Depois, no Juvenil, nos campeona-   peonato Brasileiro, contra o  Vitória
        tos que disputou pelo Corinthians,  do  Espírito  Santo. “Uma  lembrança
        o time ou era campeão ou vice. Em  inesquecível”.  Assim  como  a  estreia
        77, ainda no Juvenil, Nobre foi em-  do  Dr.  Sócrates  pelo  Corinthians,
        prestado ao Paulista de Jundiaí e vol-  num jogo no Morumbi, com 110 mil
        tou ao Corinthians em 78, quando  torcedores contra o Santos de Clo-
        disputou sua última Taça São Paulo  doaldo, Pitta, Juari, João Paulo….
        quando  perderam  para  o  Interna-  Foi uma época de glória para o meio
        cional de Porto Alegre, nos pênaltis.  de campo. Era reconhecido, ganha-
        Mas naquele mesmo ano, ele já co-   va muitos presentes, hospedava-se
        meçava a treinar no profissional ao  em hotéis de luxo, e era muito papa-  Nobre hoje, estuda na Universidade da
        lado de craques como Sócrates, Wla-  ricado pelos torcedores.           Georgia, nos Estados Unidos.

        06   www.sinpait.org.br
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