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Inspeção do Trabalho



            Ministério do Trabalho e Emprego resgata

                             59 trabalhadores na Paraíba




                 Trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão
                    em obras da construção civil no litoral de Cabedelo e João Pessoa



           Ação coordenada pelo Grupo  no chão, apenas com colchões  empregador.  Todas as atividades
        Especial de Fiscalização Móvel (GEFM)  espalhados ao redor da construção.  ocorriam sem qualquer planejamento
        do Ministério do Trabalho e Emprego  Foram encontrados cômodos alagados,  ou  avaliação prévia dos  riscos  aos
        realizou inspeções na zona urbana das  com  fi ações  expostas, colocando  trabalhadores, que laboravam em
        cidades de Cabedelo e João Pessoa, no  em  risco  a  vida  dos  trabalhadores  condições extremamente perigosas,
        estado da Paraíba no período de 3 a 5  que ali operavam e pernoitavam. Os  sem medidas de proteção coletiva
        de fevereiro que culminou no resgate  banheiros não possuíam condições  para acesso aos postos de trabalho. Os
        de  59  trabalhadores  submetidos  a  higiênicas de uso, alguns sequer  circuitos elétricos eram improvisados
        condições análogas à escravidão  tinham o funcionamento da descarga  e distribuídos de forma irregular
        em atividades de construção civil.  e  água  disponível. Para tomar  banho,  pelos canteiros e representavam risco
        Ao todo 7 estabelecimentos foram  eram utilizadas mangueiras e canos  constante de choque elétrico e curto-
        inspecionados, sendo que em 05 deles  temporários utilizados na construção  circuito. Além disso, os trabalhadores
        constatadas condições de trabalho  dos edifícios.                       realizavam atividades em altura sem
        análogas à escravidão. Participaram da   Já os outros 20 trabalhadores  as proteções exigidas, utilizando
        operação junto com o MTE o Ministério  dividiam uma única casa alugada pela  andaimes  irregulares  e  sem  sistemas
        Público do Trabalho (MPT), o Ministério  empresa nos 4 quartos disponíveis,  de fi xação seguros. As aberturas
        Público Federal e a Polícia Federal (PF).  todos  superlotados.  Não  havia  camas  nos pisos e poços do elevador não
           Os trabalhadores eram originários  sufi cientes,  tampouco  mobiliário  possuíam medidas de proteção contra
        de diferentes municípios do interior   mínimo. Os trabalhadores dormiam  queda de trabalhadores e materiais.
        da Paraíba, onde foram contratados  em colchões ou pedaços de espumas     As   obras   fi scalizadas  foram
        para prestar serviços na construção  improvisados, apoiados sobre pedaços  embargadas e os trabalhadores
        de edifícios à beira-mar, todos em  de  madeira  ou diretamente no chão,  resgatados retirados e encaminhados
        condições degradantes, seja nas frentes  sem qualquer estrutura ou roupas de  para seus locais de origem.  Todos
        de trabalho ou nas condições dos  cama. Como não cabiam todos nos  resgatados têm direito a três parcelas
        alojamentos. Os trabalhadores foram  quartos, se espalhavam pela varanda  de  seguro-desemprego  especial,
        contratados como servente, pedreiro  e nas duas pequenas despensas da  sendo encaminhados aos órgãos
        e demais funções relacionadas à  casa, em meio a entulhos e pedaços de  municipais e estadual de assistência
        construção civil.                   madeira.                            social para atendimento prioritário.

           Segundo a fiscalização, 39 deles     Por todos os locais fiscalizados havia   A coordenadora do GEFM, auditora-

        estavam alojados no próprio canteiro  lixo espalhado, principalmente ao redor  fi scal do Trabalho Gislene Stacholski,
        de obras em locais que ainda estavam  de onde preparavam os alimentos.  informou que os responsáveis foram
        sendo construídos, sem quaisquer  Não havia estrutura adequada para o  notifi cados para regularizar os vínculos
        condições de moradia. Nos cômodos,  preparo, armazenamento e consumo  trabalhistas, quitar as verbas rescisórias
        em meio à obra em construção,  de  alimentos. Cada trabalhador  e recolher o FGTS e as contribuições
        os trabalhadores espalhavam seus  cozinhava suas refeições de forma  sociais, sendo pagos R$ 244.305,87 em
        pertences e improvisavam camas para  improvisada, muitas vezes dentro  verbas rescisórias aos trabalhadores
        dormir. Não havia janelas ou portas,  dos próprios cômodos em meio às  resgatados.  O MPU também fi rmou
        nem sequer armários para guarda de  ferramentas, poeira e maquinário.   Termos de Ajuste de Conduta com as
        objetos. Os locais eram protegidos com                                  empresas, acordando o pagamento de
        tapumes de madeira para vedação das    Segurança e saúde                danos morais Individuais e coletivos.
        aberturas, pois o vento forte trazia areia
        para cima de seus pertences e colchões.   As condições de segurança e
        As camas eram improvisadas, feitas  saúde  no  trabalho  também  foram
        com restos da obra e alguns dormiam  totalmente  negligenciadas  pelo              Com informações do MTE


        14   www.sinpait.org.br
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