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PESQUISA
RESGATADOS DO TRABALHO ESCRAVO EM 2021 SÃO 1.636
Número é o maior desde 2013. Minas Gerais é o estado com o maior número de casos
no meio rural, seguido por Pará e Goiás.
Dados da Campanha Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Combate ao
Trabalho Escravo revelam que 1.636 pessoas foram resgatadas do trabalho escravo em
2021. Os números correspondem ao período de 1º de janeiro a 9 de dezembro de 2021
e evidenciam que o meio rural é o mais recorrente para a ocorrência do trabalho escravo.
Ao todo, foram apurados 151 casos de trabalho escravo no campo, dos quais 142 deles
fiscalizados. O estado de Minas Gerais encabeçou o ranking com 49 casos e 731 pesso-
as resgatadas.
Mesmo com dados parciais, atualizados até o dia 09 de dezembro do ano passado,
o número de resgatados da prática criminosa de escravidão contemporânea já é o maior
desde 2013. Em relação ao ano de 2020, o aumento foi de 102%.
Do total, 54 resgates foram de crianças e adolescentes. As regiões Sudeste e Cen-
tro-Oeste concentraram o maior número de menores escravizados, 17 cada. Essas duas
regiões respondem também pelos maiores números de casos de trabalho escravo prove-
nientes de denúncias e de libertados em 2021. Especificamente, o Sudeste responde por
37% dos casos e 55% dos libertados, enquanto o Centro-Oeste abrange 22% dos casos
e 24% dos libertados em 2021.
No meio rural, Minas Gerais é, novamente, o estado com o maior número de casos
de trabalho escravo e de pessoas libertadas. Foram 49 dos 151 casos identificados e
731 dos 1.636 resgatados. O estado mineiro é seguido por Goiás, com 291 libertados, e
pelo Pará com 94. Em número de casos, a posição se inverte, com o estado do Pará na
segunda posição com o maior número de casos (21), e Goiás ocupando a terceira (15).
Sem surpresas, a pecuária foi a atividade que, em 2021, mais utilizou mão de obra
escrava no campo, respondendo por 23% do total de casos. Seguem as lavouras perma-
nentes (19%), lavouras temporárias (18%) e a produção de carvão vegetal (11%).
Nas lavouras temporárias, chama a atenção o número de resgatados da escravidão,
600 pessoas, ou 37% do total de resgatados no ano. Em segundo lugar, nas lavouras per-
manentes, foram 382 pessoas resgatadas, 23% do total, seguida da produção de carvão
vegetal, com 158 pessoas, 10% do total.
O maior número de resgates de trabalhadores escravizados no ano de 2021, em uma
única operação, ocorreu em Goiás. No estado, 116 trabalhadores que colhiam palhas de
espigas de milho para a produção de cigarros em Água Fria de Goiás foram resgatados
por Auditores Fiscais do Trabalho do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM).
A operação foi realizada a partir de um trabalho de inteligência fiscal, com a finalidade
de apurar indícios de trabalho escravo no entorno do Distrito Federal. As vítimas eram
oriundas de várias partes do país, tendo sido aliciadas nos estados de São Paulo, Minas
Gerais, Maranhão e Piauí.
Outro dado curioso aponta que quase um terço dos casos de trabalho escravo iden-
tificados no meio rural aconteceu na Amazônia Legal. Foram 45 casos, dos quais 38 fis-
calizados. Na região, 193 trabalhadores foram libertados.
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