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Entrevista



                                                                                                     Fotos: Arquivo Pessoal
        internacionalmente com vários prêmios recebidos.
        Recentemente, tivemos essa importante vitória contra
        três destes detratores, o jornalista goiano Luiz Carlos
        Bordoni, o Sindicato dos Trabalhadores da Mineração
        de Amianto de Minaçu e o Instituto Brasileiro do
        Crisotila (IBC), porta-voz da indústria amiantífera.
        Entre outros, foi estabelecido na sentença que  “a
        autora é reconhecida por sua luta contra o amianto e
        que os réus fizeram ataques caluniosos e difamatórios
        contra a sua honra”, pelo qual foram obrigados a
        “disponibilizarem o mesmo espaço e destaque
        conferidos às matérias e pelo mesmo período em
        que as postagens ofensivas permaneceram no ar,
        mantendo públicas as réplicas a serem elaboradas
        pela autora”, além de indenização por danos morais      Memorial em Osasco: reconhecimento da cidade pela luta
                                                                pelo banimento do amianto
        determinados em sentença.

        A pressão de lobistas ligados à exploração
        econômica do amianto e dos Sindicatos dos
        Trabalhadores da Mineração ainda é muito
        grande?
           Já foi pior certamente. A decisão do STF de 2017
        enfraqueceu e muito o poderio deste lobby, que
        inconformado tentou nos agredir durante o histórico
        julgamento, como já ocorrera nas audiências públicas
        promovidas pela Suprema Corte do país, onde
        testemunhamos sobre a inexistência do propalado
        “uso controlado do amianto”.

        Como anda sua luta pelo banimento da produção
        e uso amianto no Brasil?
           Ainda temos algumas pendências, como as
        citadas anteriormente, junto ao STF, para pôr um
        fim definitivo na exploração do amianto no Brasil.
        Continuo atuando no apoio à luta das vítimas para
        que tenham o reconhecimento de suas doenças
        profissionais por exposição à fibra cancerígena, pondo
        fim ao abissal silêncio epidemiológico e estatístico
        existente em nosso país, que foi até recentemente o
        terceiro maior produtor, exportador e o quarto maior
        utilizador desta matéria-prima mundialmente. Tenho,
        complementarmente, buscado apoio e recursos,
        inclusive internacionais, para adequar, equipar e
        incrementar os serviços de saúde especializados nos
        diagnósticos e tratamentos das doenças relacionadas
        ao amianto. São, portanto, muitos os desafios ainda a
        enfrentar para que possamos pôr um fim à “saga” da
        fibra mortal no Brasil.                                 Fernanda na inauguração do Memorial das Vítimas do Amianto

                                                                                               www.sinpait.org.br   05
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