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                 Entrevista





                Livre de processos, Fernanda Giannasi

                   continua sua luta pelo banimento do


                                     cancerígeno amianto






                                              Foto: Arquivo Pessoal

                                                                   A auditora fiscal e engenheira civil Fernanda Gian-
                                                                nasi é uma das fundadoras da Associação Brasileira dos
                                                                Expostos ao Amianto (ABREA). Por sua atuação na luta
                                                                pelo banimento do amianto - mineral reconhecidamen-
                                                                te cancerígeno para os seres humanos - recebeu vários
                                                                prêmios. Mas também, pela sua militância, enfrentou
                                                                campanhas difamatórias, perseguições e processos de
                                                                lobistas ligados à exploração econômica do mineral.
                                                                Hoje, está livre dos processos, e continua sua luta pelo
                                                                tratamento adequado de vítimas de doença relaciona-
                                                                das ao amianto e para pôr fim à saga da fibra mortal no
                                                                Brasil, como conta nesta entrevista. Boa leitura!

        Fernanda Giannasi luta pelo banimento do amianto



        Em 2017, o Supremo Tribunal Federal baniu o uso         Cargas e Logística, em maio de 2011, contra nossas
        do amianto no Brasil, mas muitos recursos foram         ações de fiscalização no complexo portuário de
        julgados desde então. Como está a situação legal        Santos, por onde era escoada a carga de amianto para
        da produção e uso do amianto no país atualmente?        fins de exportação. Tal ação, no nosso entendimento,
           Infelizmente a decisão histórica do STF de           perdeu o objeto desde que todos os embargos às leis
        2017 ainda esbarra em duas ações na Suprema             estaduais foram rejeitados em 23/2/2023, pondo fim a
        Corte para se tornar efetiva: 1) a ADI 6200, que        todas e quaisquer controvérsias. Aguarda-se, portanto,
        trata da inconstitucionalidade da lei estadual de       que o relator da ADPF, André Mendonça, acate a
        Goiás, 20.514/2019,  que afrontando  a decisão de
        banimento deu provimento à exploração do mineral        decisão do colegiado e arquive a referida ADPF.
        cancerígeno para fins “exclusivos” de exportação e que
        aguarda retornar à pauta de julgamento da Suprema       Existe alguma situação em que o amianto pode
        Corte, tendo já 2 votos proferidos, ambos pela          ser utilizado sem causar danos à saúde?
        inconstitucionalidade da referida lei, sendo um deles,     Não. O amianto sob todas as formas e usos
        o do relator, Alexandre de Moraes, pela modulação dos   é reconhecidamente cancerígeno para os seres
        efeitos para mais um ano de permissão de exploração     humanos e a única forma de se prevenir os danos
        do mineral após o trânsito em julgado; 2) a ADPF 234,   à saúde é a sua substituição por materiais menos
        que permite o transporte do mineral por rodovias        danosos, conforme orienta a Organização Mundial da
        estaduais  e  federai,  em  estados  que  o  proíbem,   Saúde (OMS) e preconiza a Organização Internacional
        proposta pela Associação Nacional do Transporte de      do Trabalho (OIT).

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