Page 4 - O Elo - Junho 2022

Entrevista
capital paulista, em 1998, tínhamos 38 auditores-fiscais
na unidade. Em 2014, ano de minha aposentadoria, res-
tavam 12 auditores-fiscais, decorrentes da aposentado-
ria, falecimentos e afastamento para tratamento de saú- O sr. também é jornalista e quando começou a estu-
de de alguns servidores. Isso traz como consequência o
acúmulo de trabalho para os auditores remanescentes,
haja vista que a demanda ao longo dos anos sempre
tende a aumentar. Na mesma linha de raciocínio, a re-
dução do quadro de servidores administrativos e não
repostos, igualmente se torna desafiador.
O sr. trabalhou como auditor fiscal de rua por 14 anos
(entre 84 e 98) na época quais eram as principais difi-
culdades? Elas ainda persistem?
Naquele tempo, como acredito ser hoje, o exces-
so de demanda, solicitados pelo Ministério Público do
Trabalho, Sindicatos de trabalhadores, Polícia Judiciária,
demanda do público em geral se constituem numa
enorme dificuldade.
Como subdelegado do trabalho em São Paulo/3/Les-
te o sr recebeu vários prêmios promovidos pelo sin-
dicato da categoria. Como era o seu trabalho como
subdelegado?
Meu foco era a de ser um bom gestor. Sabia das di-
ficuldades inerentes à máquina pública, nem sempre
ideais, porém nos desdobramos para fazer o melhor
para o atendimento das demandas. Nossa função era
o de atender as necessidades da repartição, prover as
necessidades mais prementes, falta de suprimentos, de
pessoal, de instalações adequadas e fazer representa-
ção da subdelegacia e cuidar dos trâmites administra-
tivos dos processos. Tínhamos ainda que supervisionar
os serviços terceirizados como limpeza, segurança e o
atendimento do seguro-desemprego.
O Sinpait e sua diretoria sempre apoiaram a nossa
administração, para quem expresso minha gratidão.
Eventuais reconhecimentos através de premiações eu
dedico à valorosa equipe de auditores fiscais, servidores
administrativos e terceirizados, pelo apoio incondicio- Finalmente obrigado Deus, sempre presente na minha
nal durante minha gestão.
Como especialista em leis trabalhistas, o sr acha que
o Brasil está adiantado neste aspecto ou os trabalha-
dores ainda têm muito o que conquistar?
O Brasil sempre teve leis protetivas que o coloca em
posição de destaque, fruto do incansável trabalho dos
sindicatos dos trabalhadores, que atualizaram ao longo
dos anos a Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943.
Mudanças sempre se farão pertinentes, posto que tudo
na vida é dinâmico, alterações sempre se fazem neces-
sárias, mercê das condições de tempo, local, interesses.
Parece-nos que além das medidas protetivas ao traba-
04 www.sinpait.org.br
lhador, temos que pensar em mecanismos que prote-
jam o trabalho como fonte gerador de riquezas.
dar jornalismo já era auditor há alguns anos. O que
o levou a fazer jornalismo? O sr vê alguma afinidade
entre as duas carreiras? Chegou a exercer a função
paralelamente à de auditor?
Jornalismo era um antigo sonho. Todas as carreiras,
em maior ou menor grau guardam alguma afinidade.
Pois o objetivo de cada profissional é trabalhar para o
bem de todos, para melhorar a vida das pessoas. Sem-
pre há alguém necessitando dos nossos serviços, seja o
que for que tenhamos vindo a fazer neste mundo. Refli-
to sempre a máxima do jornalismo, o da pirâmide inver-
tida, a de ordenar os assuntos por ordem de relevância,
do mais para o menos importante e o princípio de ouvir
os dois lados. Apliquei os conhecimentos adquiridos e
confesso que me dei bem. Fui colunista em jornais de
bairro, escrevi diversos artigos para revistas. Atualmen-
te, aposentado, voltei às origens, à advocacia, onde sou
Consultor na Kimura & Salmeron advogados, especiali-
zado em Tributário e Gestão Empresarial.
Qual o melhor legado a carreira de auditor-fiscal dei-
xou para a sua vida?
O espírito de servir, desinteressadamente, foi o gran-
de legado. Que podemos ser agentes de transformação
social, trabalhando para reduzir as desigualdades e a
exclusão social.
Sinto-me privilegiado por ter coordenado uma rede
constituída pelos melhores talentos de nossa Institui-
ção, por isso, após tantos anos de aprendizado, só me
resta agradecer a todas as pessoas que cruzaram o meu
caminho, que foram carinhosas comigo, me apoiaram e
me estenderam a mão amiga e me estimularam a conti-
nuar. Obrigado a família, pelo amor incondicional, com-
preensão e sacrifício, pela fé que depositaram em mim
– de que eu poderia fazer uma diferença no mundo.
vida. Tenho certeza de que tudo valeu a pena!
Que balanço que o sr. faz de sua trajetória como AFT?
Em todos os (en)cargos que assumi, graças ao tra-
balho árduo dos meus antecessores, encontrei um solo
fértil, capaz de dar bons e muitos frutos.
O ideal de servir ao trabalhador já estava plantado,
era preciso apenas trabalhar, cultivar e amar. E, como
a força de um ideal não pode ser contido, sufoca-
do, ele transbordou, contagiando a todos, e, graças a
um processo de soma, de melhoria contínua (kaizen
em japonês), de todos os servidores – transforma-
mos num curto espaço de tempo a Unidade da Zona