Page 9 - O Elo - Agosto 2022
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ro para estacionar no porto e de falta de motoristas para
        viaturas”.                                              Fotos: Arquivo Pessoal
           Em relação a treinamento de auditores-fiscais para
        atuarem no porto, Rodrigo diz que, maneira formal por
        meio da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho, não
        existe. Ele adianta que a Secretaria de Inspeção do Tra-
        balho está pensando em elaborar cursos voltados para
        a  fiscalização  de  portos  e  navios,  e  enquanto  isso  não
        ocorre, a Superintendência Regional do Trabalho de São
        Paulo tem estimulado todos os coordenadores a realizar
        reuniões técnicas para preparar os auditores a fiscalizar.
        “A chefia estadual e a chefia regional de Santos estão co-
        laborando para que os AFTs realizem fiscalizações com o
        coordenador, como se fosse uma capacitação prática”.

        Quadro reduzido

           Rodrigo atualmente é o único auditor-fiscal com ex-
        periência e que fiscaliza as demandas mais específicas do
        setor. “Até 2020, a equipe contava com dois auditores-fis-  Porto de Santos, maior complexo portuário da América Latina
        cais do trabalho. Contudo, com o falecimento do nosso
        inestimável colega e amigo Cláudio Tarifa, atualmente as
        demandas se concentram em mim. E, logicamente, não
        dá para atuar com esse quadro pensando em planejar
        inspeções de prevenção ou realizar rondas em busca de
        descumprimentos de normas de saúde e segurança. A
        nossa atuação precisa hoje focar nas demandas que che-
        gam, considerando urgência e relevância”.
           Um paliativo foi designar alguns auditores-fiscais
        do trabalho da própria regional que estavam focados
        em outros projetos para atuar na fiscalização de portos
        e navios e Rodrigo tem feito ações junto a cada um de-
        les para que se sintam seguros em atuar nesses tipos
        de fiscalizações. A meta, segundo o AFT, é que todos
        estejam preparados até o fim deste ano. Diante des-
        te cenário, Rodrigo destaca os principais desafios dos
        auditores-fiscais no porto: “Cumprir as demandas com
        as condições que temos; conquistar  melhorias nas       Mais de quatro mil trabalhadores atuam no porto de Santos
        condições de trabalho; aperfeiçoar a relação junto aos
        trabalhadores e empregadores, mantendo a impesso-
        alidade e; apresentar devidamente o nosso trabalho à    ções em que o navio e a carga chegam, assim é difícil ter
        comunidade da baixada santista, que é muito sensível    previsibilidade do que se pode encontrar. Como exem-
        a tudo que envolve as questões do porto.”               plo ele cita um guindaste de bordo que pode estar com
           Há cinco anos Rodrigo integrou uma força tarefa com   problemas no movimento e a carga pode estar gerando
        15 auditores-fiscais do Trabalho, que encontrou 266 irre-  muita poeira. “Nesses casos, cabe ao operador portuário
        gularidades em 44 empresas que atuam no Porto de San-   mandar o armador consertar o guindaste com defeito
        tos. A atuação foi um marco para que o setor econômico   antes de utilizá-lo, e usar funis com exaustores eficientes
        voltasse a enxergar a inspeção do trabalho, mas afirmar   para poeira. Mas a infração ocorre justamente quando
        se a situação de lá para cá melhorou é difícil, segundo Ro-  este operador  decide  realizar a  atividade sem fazer  as
        drigo, pois são condições que não estão sob controle dos   adequações necessárias para aquela atividade”.
        auditores-fiscais. “Mas estamos conseguindo administrar    Mas  apesar  de  toda  complexidade  que  é  atuar  no
        as demandas e voltamos a ocupar espaços, inclusive em   porto, Rodrigo comemora conquistas, a principal delas,
        ações conjuntas com outros órgãos governamentais”.      o reconhecimento da importância da auditoria-fiscal do
           Pontuar as irregularidades mais comuns encontradas   trabalho na atividade portuária e aquaviária. “Isso foi um
        no porto, também é difícil, pois como explica Rodrigo, na   legado deixado pelo colega Cláudio Tarifa, cujo trabalho
        fiscalização das atividades portuária e aquaviária, o audi-  foi e continua sendo admirado na inspeção do trabalho
        tor-fiscal precisa estar preparado para qualquer irregulari-  e por muitos do setor, e que buscamos preservar, mesmo
        dade. Geralmente elas estão relacionadas com as condi-  diante das atuais dificuldades”, conclui.

                                                                                               www.sinpait.org.br   09
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