Page 4 - O Elo - Abril de 2025

Entrevista
Como foi o seu retorno para Araçatuba?
Voltei como auditor fiscal em 1999, depois de conseguir
a transferência para estar mais próximo da família. Na
época, minha filha era pequena, e queria acompanhá-
la de perto. Recomecei fiscalizando diretamente, e com
o tempo assumi a chefia da fiscalização. Em 2009, fui
nomeado Gerente Regional, função que exerci até a
aposentadoria, em janeiro de 2025.
Quais foram os principais desafios como gerente
regional do trabalho?
O papel de gerente envolve acumular funções
administrativas e de fiscalização. Com uma estrutura
enxuta e poucos auditores, muitas vezes era
necessário priorizar ações urgentes e lidar com
limitações materiais. Mesmo assim, conseguimos
avanços importantes, como a conquista de duas
caminhonetes zero quilômetro para apoiar as
fiscalizações rurais, graças a parcerias com o Ministério
Público do Trabalho, além de melhorias no parque de
informática da gerência. O desafio diário era equilibrar
a necessidade de campo com a gestão dos recursos
limitados.
Existe alguma conquista que lhe traz orgulho
nesse período?
Um dos projetos que mais me marcou foi o
trabalho de inclusão de pessoas com deficiência no
mercado de trabalho. Atuamos de forma consistente
em 41 cidades da nossa região, firmando termos de
compromisso e promovendo a empregabilidade com
dignidade. Ver trabalhadores que antes eram invisíveis
conquistando espaço e respeito nas empresas foi
uma das maiores recompensas da minha trajetória.
Tem alguma história curiosa ou inusitada que
ficou na memória?
Durante uma fiscalização em Birigui, encontramos
cerca de dez trabalhadores escondidos dentro de
caixas industriais, tentando fugir da inspeção. Era
comum, principalmente no setor calçadista, que
trabalhadores fossem orientados a se esconder
quando sabiam da chegada dos fiscais.
E como foram as relações de amizade dentro da
fiscalização?
Fiz grandes amizades ao longo da carreira.
Valorizávamos muito a convivência, promovendo
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churrascos, festas de aniversariantes e encontros entre
colegas de Araçatuba e das agências da região. Essa
união fortalecia o trabalho e tornava o ambiente mais
leve. Sempre procurei construir um relacionamento
respeitoso e nunca tive problemas com colegas,
tanto fiscais quanto administrativos.
Fora do trabalho, o que você gosta de fazer?
Tenho paixão por pedalar. Gosto de usar minha
mountain bike para fazer passeios longos em grupo,
percorrendo trilhas e estradas, em trajetos que duram
horas. A prática sempre me trouxe bem-estar físico
e mental. Também faço musculação para manter a
saúde em dia. Já experimentei o tênis por um tempo,
mas foi a bicicleta que realmente conquistou meu
coração. Pedalar, para mim, é sinônimo de liberdade.
Quais são seus planos agora, após a
aposentadoria?
Por enquanto, estou curtindo essa nova fase como
se fossem férias. Pretendo viajar bastante, visitar
meus filhos — uma médica em Ribeirão Preto e um
estudante de medicina em Catanduva — e aproveitar
mais o tempo com minha esposa. A partir de 2026,
penso em voltar a trabalhar na advocacia trabalhista,
área pela qual sempre tive afinidade. Estou avaliando
essa possibilidade com calma.
Como você enxerga hoje o papel do sindicato na
vida dos auditores fiscais?
Vejo o SINPAIT como essencial para a defesa da
categoria. O trabalho realizado, especialmente sob
a liderança do Dr. Mário Kaminski, tem sido muito
importante, com aproximação real dos auditores
e atuação jurídica eficiente. Hoje, o sindicato está
mais presente, mais acessível e mais alinhado às
necessidades da fiscalização.
Por fim, que mensagem gostaria de deixar para
quem assume seu lugar e para os colegas que
continuam na fiscalização?
Espero que mantenham o atendimento
humano, principalmente voltado aos trabalhadores
mais simples, que muitas vezes não têm acesso à
tecnologia e dependem da orientação direta dos
auditores. Nosso trabalho tem um impacto profundo
na vida das pessoas. Garantir dignidade e respeito
deve seguir sendo a prioridade.