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Entrevista




              Luis Alexandre: uma carreira dedicada


              ao combate às fraudes trabalhistas e ao


                        trabalho análogo ao de escravo





           Desde 1995, Luis Alexandre Faria, na época recém-    gações, ameaças e violências de todo tipo. Apesar dos
        -graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de   avanços e das conquistas, os desafios perduram, porque


        São Paulo, dedica-se com afinco à defesa dos direitos dos   as fraudes persistem, revestidas de novas roupagens, e o
        trabalhadores no Brasil como Auditor Fiscal do Trabalho.       trabalho degradante também.   “O que nós encontramos
        Durante 15 anos, teve atuação importante na luta contra   foi só a ponta do iceberg”, releva o AFT nesta entrevista
        as fraudes trabalhistas e, em 2009, ajudou a criar um pro-  em que fala também da maior dificuldade da categoria:


        jeto específico de combate ao trabalho análogo ao de    a falta de mão de obra e foco para endereçar às grandes
        escravo, sempre na Superintendência Regional de São     empresas, a responsabilidade de irradiar o trabalho de-
        Paulo. São 27 anos de luta para garantir direitos básicos   cente por toda a cadeia produtiva. Realista, ele admite
        aos trabalhadores em situação de vulnerabilidade. Tem   que as fraudes não vão acabar, mas garante que a luta
        sido um trabalho árduo, com muitas denúncias, investi-  dos AFTs também não.




                                                                                                      Foto: Acervo Pessoal

        Como o sr. iniciou a carreira de auditor fiscal?
           Minha história sempre esteve ligada ao combate às
        fraudes trabalhistas, principalmente fraudes ao contrato
        de trabalho. Eu tive uma atuação importante, junto com
        outros valorosos colegas em São Paulo, no combate às
        falsas cooperativas de trabalho, à pejotização e à tercei-
        rização irregular, principalmente na responsabilização
        de  grandes  empresas,  que  se  aproveitavam  de  frau-
        des trabalhistas para maquiar o vínculo empregatício.

        Quando e como começou a atuar no combate ao tra-
        balho análogo ao de escravo?
             Foram praticamente 15 anos de atividades dedi-
        cadas às fraudes trabalhistas. Essa experiência me pre-
        parou, junto com outros colegas, para inaugurar na Su-
        perintendência de São Paulo, um projeto  específico de

        combate ao trabalho análogo ao de escravo, que desde
        o início, teve esse viés  de colocar em primeiro lugar, a
        proteção aos direitos humanos, aos direitos trabalhistas
        mais básicos de pessoas em situação de vulnerabilida-
        de, e também a questão da investigação aprofundada
        de grandes empresas que estariam escondidas sob o
        manto da terceirização, se aproveitando da exploração
        do trabalho análogo ao de escravo.
           O projeto começou em 2006, com a AFT Ana Pal-
        mira, Chefe da Fiscalização à época, e com o AFT Re-
        nato Bignami. Eu ingressei no programa em 2009, já
        participando das fiscalizações para responsabilização

        de empresas no Estado de São Paulo, que se aproveita-
        vam da exploração do trabalho análogo ao de escravo.    Luis Alexandre: 27 anos de luta em prol dos trabalhadores

        04   www.sinpait.org.br
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