Page 4 - O Elo - Maio 2022
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Entrevista
Luis Alexandre: uma carreira dedicada
ao combate às fraudes trabalhistas e ao
trabalho análogo ao de escravo
Desde 1995, Luis Alexandre Faria, na época recém- gações, ameaças e violências de todo tipo. Apesar dos
-graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de avanços e das conquistas, os desafios perduram, porque
São Paulo, dedica-se com afinco à defesa dos direitos dos as fraudes persistem, revestidas de novas roupagens, e o
trabalhadores no Brasil como Auditor Fiscal do Trabalho. trabalho degradante também. “O que nós encontramos
Durante 15 anos, teve atuação importante na luta contra foi só a ponta do iceberg”, releva o AFT nesta entrevista
as fraudes trabalhistas e, em 2009, ajudou a criar um pro- em que fala também da maior dificuldade da categoria:
jeto específico de combate ao trabalho análogo ao de a falta de mão de obra e foco para endereçar às grandes
escravo, sempre na Superintendência Regional de São empresas, a responsabilidade de irradiar o trabalho de-
Paulo. São 27 anos de luta para garantir direitos básicos cente por toda a cadeia produtiva. Realista, ele admite
aos trabalhadores em situação de vulnerabilidade. Tem que as fraudes não vão acabar, mas garante que a luta
sido um trabalho árduo, com muitas denúncias, investi- dos AFTs também não.
Foto: Acervo Pessoal
Como o sr. iniciou a carreira de auditor fiscal?
Minha história sempre esteve ligada ao combate às
fraudes trabalhistas, principalmente fraudes ao contrato
de trabalho. Eu tive uma atuação importante, junto com
outros valorosos colegas em São Paulo, no combate às
falsas cooperativas de trabalho, à pejotização e à tercei-
rização irregular, principalmente na responsabilização
de grandes empresas, que se aproveitavam de frau-
des trabalhistas para maquiar o vínculo empregatício.
Quando e como começou a atuar no combate ao tra-
balho análogo ao de escravo?
Foram praticamente 15 anos de atividades dedi-
cadas às fraudes trabalhistas. Essa experiência me pre-
parou, junto com outros colegas, para inaugurar na Su-
perintendência de São Paulo, um projeto específico de
combate ao trabalho análogo ao de escravo, que desde
o início, teve esse viés de colocar em primeiro lugar, a
proteção aos direitos humanos, aos direitos trabalhistas
mais básicos de pessoas em situação de vulnerabilida-
de, e também a questão da investigação aprofundada
de grandes empresas que estariam escondidas sob o
manto da terceirização, se aproveitando da exploração
do trabalho análogo ao de escravo.
O projeto começou em 2006, com a AFT Ana Pal-
mira, Chefe da Fiscalização à época, e com o AFT Re-
nato Bignami. Eu ingressei no programa em 2009, já
participando das fiscalizações para responsabilização
de empresas no Estado de São Paulo, que se aproveita-
vam da exploração do trabalho análogo ao de escravo. Luis Alexandre: 27 anos de luta em prol dos trabalhadores
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