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Entrevista
Dr. José Carlos do Carmo e sua luta pela
inclusão das pessoas com deficiência
É praticamente impossível abordar o tema inclu- petência para falar sobre o assunto, não lhe faltam,
são da pessoa com deficiência sem falar com o AFT como demonstra nessa entrevista, onde admite a
José Carlos do Carmo, Kal, como é conhecido. Dr. existência de preconceito da sociedade em relação à
José Carlos possui graduação em Medicina e mestra- capacidade produtiva desses trabalhadores, defende
do em Saúde Pública, ambos pela Universidade de a Lei de Cota como a principal ferramenta disponível
São Paulo (USP); também é especialista em medicina para a garantia do direito ao trabalho para as pes-
preventiva e em medicina do trabalho, e há 35 anos soas com deficiências e rebate os argumentos das
atua como auditor-fiscal do trabalho e coordenador empresas para não cumprirem essa lei.
do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência da Afirma ainda que as empresas que valorizam a
Superintendência Regional do Trabalho em São Pau- diversidade têm ambientes mais agradáveis para se
lo, e é autor de quatro livros sobre o tema. trabalhar e melhores resultados, inclusive financei-
Trabalha ainda como médico no Centro de Re- ros. Para ele, mais que inserir é preciso incluir a pes-
ferência em Saúde do Trabalhador da Secretaria de soa com deficiência. “Inserir é convidar para o baile;
Saúde do Estado de São Paulo. Experiência e com- incluir é chamar para dançar”. Confira!
Foto: Acervo Pessoal
A inserção no mercado de trabalho da pessoa com de-
ficiência define o que é a inclusão? Ou inclusão é um
conceito mais amplo?
Os paradigmas referentes às pessoas com deficiência
variaram ao longo da história da humanidade. Atual-
mente, trabalhamos com a ideia da inclusão, referindo-
-nos ao direito de qualquer pessoa de ter respeitadas
suas características individuais. Ou seja, não basta ga-
rantir o direito de ser inserida na sociedade, mas é tam-
bém necessário que sejam garantidos os direitos de sua
participação plena e efetiva, em igualdade de condições
com as demais pessoas. Inserir é convidar para o baile;
incluir é chamar para dançar.
Ainda há muito preconceito em relação à capacidade
produtiva da pessoa com deficiência?
Sim. Observamos isso em diferentes situações e, par-
ticularmente, por parte das empresas quando oferecem
apenas as vagas de trabalho para funções de menor
complexidade, ignorando a formação e a experiência
profissional das pessoas com deficiência. Chamamos
de “capacitismo” o preconceito contra pessoas com de-
ficiência, com a ideia de que elas são inferiores àquelas
ditas sem deficiência.
Dr. José Carlos do Carmo, especialista em medicina preventiva
e medicina do trabalho.
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