Page 3 - O Elo - Julho 2022
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Entrevista






            Dr. José Carlos do Carmo e sua luta pela


                inclusão das pessoas com deficiência







           É praticamente impossível abordar o tema inclu-      petência para falar sobre o assunto, não lhe faltam,
        são da pessoa com deficiência sem falar com o AFT       como demonstra nessa entrevista, onde admite a
        José Carlos do Carmo, Kal, como é conhecido. Dr.        existência de preconceito da sociedade em relação à
        José Carlos possui graduação em Medicina e mestra-      capacidade produtiva desses trabalhadores, defende
        do em Saúde Pública, ambos pela Universidade de         a Lei de Cota como a principal ferramenta disponível
        São Paulo (USP); também é especialista em medicina      para a garantia do direito ao trabalho para as pes-
        preventiva e em medicina do trabalho, e há 35 anos      soas  com  deficiências e rebate os  argumentos  das
        atua como auditor-fiscal do trabalho e coordenador      empresas para não cumprirem essa lei.
        do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência  da       Afirma ainda que as empresas que valorizam a
        Superintendência Regional do Trabalho em São Pau-       diversidade têm ambientes mais agradáveis para se
        lo, e é autor de quatro livros sobre o tema.            trabalhar e melhores resultados, inclusive financei-
           Trabalha ainda como médico no Centro de Re-          ros. Para ele, mais que inserir é preciso incluir a pes-
        ferência em Saúde do Trabalhador da Secretaria de       soa com deficiência. “Inserir é convidar para o baile;
        Saúde do Estado de São Paulo. Experiência e com-        incluir é chamar para dançar”. Confira!




                                                                                                     Foto: Acervo Pessoal
        A inserção no mercado de trabalho da pessoa com de-

        ficiência define o que é a inclusão? Ou inclusão é um

        conceito mais amplo?
           Os paradigmas referentes às pessoas com deficiência

        variaram ao longo da história da humanidade.  Atual-
        mente, trabalhamos com a ideia da inclusão, referindo-
        -nos ao direito de qualquer pessoa de ter respeitadas
        suas características individuais.  Ou seja, não basta ga-
        rantir o direito de ser inserida na sociedade, mas é tam-
        bém necessário que sejam garantidos os direitos de sua
        participação plena e efetiva, em igualdade de condições
        com as demais pessoas.  Inserir é convidar para o baile;
        incluir é chamar para dançar.

        Ainda há muito preconceito em relação à capacidade

        produtiva da pessoa com deficiência?
           Sim.  Observamos isso em diferentes situações e, par-
        ticularmente, por parte das empresas quando oferecem
        apenas as vagas de trabalho para funções de menor
        complexidade, ignorando a formação e a experiência


        profissional das pessoas com deficiência.  Chamamos
        de “capacitismo” o preconceito contra pessoas com de-
        ficiência, com a ideia de que elas são inferiores àquelas

        ditas sem deficiência.

                                                                Dr. José Carlos do Carmo, especialista em medicina preventiva
                                                                e medicina do trabalho.
                                                                                               www.sinpait.org.br   03
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